terça-feira, 28 de junho de 2011

Linhas de Alta Tensão ameaçam Mondim e Ribeira de Pena

Se os projectos previstos no Plano Nacional de Barragens para o Vale do Tâmega forem concretizados, as albufeiras não serão a única mudança na paisagem. Para ligar as subestações eléctricas das barragens, vão de ser construídos corredores de Linhas de Muito Alta Tensão que causarão um impacto visual significativo, sobretudo em Ribeira de Pena e Mondim de Basto.

Segundo a junta de freguesia mondinense, e pode ler-se no estudo de impacto ambiental encomendado pela Rede Eléctrica Nacional (REN), as linhas vão atingir aglomerados habitacionais, incomodando moradores, condicionarão o território, desfigurando o monte farinha (Sr.ª da Graça) e inviabilizarão a prática de Parapente. Esta actividade desportiva e a canoagem, que atraem dezenas de aficionados ao concelho de Mondim, ficam assim ameaçadas de morte pelo complexo de hidroelétrico projectado para a região. Neste contexto, a junta liderada por Fernando Gomes, já respondeu negativamente aos emissários da REN, mas não está sozinha.

A Câmara Municipal de Mondim de Basto aprovou por unanimidade uma tomada de posição desfavorável à Linha Eléctrica de Muito Alta Tensão, referindo os mesmos argumentos. Acrescenta ainda, nalguns pontos do comunicado disponível na página online do município, que "a existência da linha contraria o que até então foi defendido para áreas inseridas na Rede Natura 2000, relativas à protecção da natureza e da biodiversidade", sendo que aquele concelho sempre "procurou promover a defesa e preservação dos valores naturais existentes ao nível da fauna e da flora do seu território", e que o seu "turismo baseado na natureza e sustentabilidade será seriamente afectado". O executivo de Humberto Cerqueira refere que vai tentar negociar contrapartidas numa "lógica de justiça elementar", uma vez que à utilização dos recursos de Mondim devem "corresponder políticas de discriminação positiva" que combatam "assimetrias através da fixação das populações" e "consolidação do tecido económico local".

A câmara de Ribeira de Pena ainda não emitiu nenhuma tomada de posição nesta matéria, limitando-se a fornecer informações à empresa encarregue do estudo de Impacto Ambiental, relativas ao Plano Director Municipal, Carta de Ruído do Concelho e loteamentos previstos. No documento a que o Jornal "O Basto" teve acesso, a passagem das Linhas de Muito Alta Tensão irão afectar o Empreendimento Turístico de Lamelas, para o qual estão projectados um Hotel, moradias e um campo de golfe. De salientar que os Concelhos de Cabeceiras e Celorico de Basto, embora alvos do estudo, não estão apontados com corredores ou como localizações alternativas das linhas eléctricas.

domingo, 26 de junho de 2011

Autarcas de Basto dizem que despovoamento vai aumentar se encerrarem serviços do Estado

Os presidentes dos quatro municípios da região de Basto alertaram este sábado para a possibilidade de a região continuar a perder habitantes se o Estado prosseguir com o encerramento de serviços públicos.

Para os autarcas de Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Ribeira de Pena, os dados do último censos, que apontam para a perda de habitantes, provam que o investimento dos municípios em infraestruturas não tem impedido a saída das pessoas para o litoral ou para a emigração.

Joaquim Barreto, de Cabeceiras de Basto, Joaquim Mota e Silva, de Celorico de Basto, Humberto Brito, de Mondim de Basto, e Agostinho Pinto, de Ribeira de Pena, participaram hoje num debate sobre o futuro da região promovido pela Escola Profissional de Fermil de Basto.

“A crise vai levar ao encerramento de serviços e à desertificação”, alertou o autarca de Ribeira de Pena, confessando-se preocupado com os próximos anos.

Os quatro presidentes de câmara reclamam do Estado a manutenção dos serviços existentes, nomeadamente ao nível da saúde, da educação e da segurança.

A propósito, o autarca de Celorico de Basto considerou que os habitantes da região têm razões para “se sentirem portugueses de segunda”, apontando investimentos reclamados há muitos anos, nunca concretizados pela administração central, sobretudo a Variante do Tâmega, estrada essencial para ligar Celorico de Basto aos municípios vizinhos e à A7.

Joaquim Mota e Silva criticou “o centralismo” de Lisboa, que absorve demasiados recursos do país, incluindo alguns gerados na região de Basto, que podiam ser investidos no interior em políticas que combatessem o despovoamento.

Os quatro concordaram que o futuro passa pela aposta no potencial agrícola e florestal, associado ao sector do turismo, que tem ganhado força neste território de transição entre o litoral e o interior.

“Não há desenvolvimento se as pessoas não tiverem emprego”, anotou Humberto Brito, de Mondim de Basto.

Por isso, para Joaquim Barreto, de Cabeceiras de Basto, “a região tem a hospitalidade dos transmontanos e a alegria dos minhotos”, que tem de ser potenciada como “elemento diferenciador”.

Este autarca apontou, por outro lado, a dispersão dos serviços do Estado como um dos factores que mais penalizam a região, sobretudo na “concertação de estratégias e políticas de desenvolvimento”.

Referiu que em diferentes áreas, como a saúde, agricultura, educação e resíduos, os vários municípios dependem de tutelas sediadas em cidades diferentes. Também ao nível do associativismo municipal há dificuldades, com Cabeceiras e Mondim ligados ao Vale do Ave, com sede em Guimarães, Celorico de Basto ao Baixo Tâmega, com sede em Amarante, e Ribeira de Pena ao Alto Tâmega, com sede em Chaves.

A barragem de Fridão, no rio Tâmega, que vai afectar território dos quatro municípios de Basto, é vista pelos presidentes como uma oportunidade para potenciar a empregabilidade e o turismo.

No entanto, os quatro não esconderam o desconforto com os problemas ambientais associados à infraestrutura, exigindo compensações financeiras da EDP, como vincou Joaquim Barreto.