A conversa do primeiro-ministro, gravada pela Polícia Judiciária ao escutar um dos suspeitos de um caso de fuga de capitais, o processo "Monte Branco", foi enviada ao Supremo Tribunal de Justiça, para validação, pelo ex-procurador Geral da República, Pinto Monteiro, no penúltimo dia no cargo.
"Segundo uma fonte judicial, "o primeiro-ministro foi escutado fortuitamente no âmbito do processo Monte Branco", conta na edição deste sábado Expresso. Contatado pelo semanário, o Gabinete de Passos Coelho diz que não comenta "assunto que desconhece".
O CD com a conversa em que participa Passos Coelho foi entregue na Procuradoria-Geral da República pela Diretora do Departamento Central de Investigação e Ação penal (DCIAP).
Segundo o Expresso, "ao contrário do que aconteceu com José Sócrates, no processo 'Face Oculta', o pedido de validação não foi acompanhado por qualquer participação crime". Carece, assim, de explicação o teor da conversa escutada considerado suspeito ou o eventual crime cometido por qualquer dos intervenientes.
Contatado pelo Expresso, o Gabinete do primeiro-ministro disse "que não comenta o que desconhece".
Na segunda-feira, o jornal Público noticiou que o ministro Miguel Relvas foi escutado, no âmbito do mesmo processo, numa conversa com José Maria Ricciardi, presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI).
Segundo a Comunicação Social Portuguesa, o presidente do BES, Ricardo Salgado, é outro dos apontados como alvo das escutas do Ministério Público no caso "Monte Branco", que envolve quatro banqueiros portugueses e suíços e um cambista.
Os cinco foram detidos em maio pelo DCIAP, por suspeita de fraude fiscal e branqueamento de capitais. Três estão em prisão preventiva e dois foram libertados sob caução.
