quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Crise: Venda de raspadinhas aumentou 80%

Com o agravar da crise, há cada vez mais portugueses a acreditar na sorte: nos primeiros noves meses deste ano, a venda de raspadinhas aumentou 80% face a 2011, revelou ao SOL fonte oficial da Santa Casa da Misericórdia.
A instituição não adianta o número total de boletins vendidos e os montantes envolvidos, mas revela que a ‘estrela’ das raspadinhas é a Super Pé-de-Meia – um jogo lançado há pouco mais de três semanas e que tem como prémio máximo a atribuição de dois mil euros por mês durante 12 anos.
Desde que foi lançada, a 20 de Agosto, já se vendeu em todo o país um milhão de boletins desta raspadinha, que custa cinco euros. «É um valor muito positivo, tendo em conta o curto período de venda», esclarece fonte oficial da instituição responsável pelo jogo em Portugal.
O mesmo sucesso está a ter a raspadinha Pé-de-Meia, lançada no ano passado e que atribui aos contemplados uma mesada de 1.500 euros durante dez anos: até à semana passada, foram vendidos 19 milhões de boletins, segundo dados da Santa Casa.
Na Casa da Sorte do Rossio, em Lisboa, uma das mais tradicionais, bastam poucos minutos para se ‘assistir’ a uma corrida a este jogo. «Vendemos duas a três mil raspadinhas por dia», conta ao SOL Amélia, funcionária desta loja que se mantém aberta «sete dias por semana».
Ao dispor dos jogadores estão boletins de vários preços: por um euro fazem a Raspadinha, que dá prémios até aos dez mil euros; por três concorrem ao Pé-de-Meia e com cinco euros habilitam-se aos 2.000 euros mensais do Super Pé-de-Meia.
«Por dia, devo vender nesta loja 200 Super Pé-de-Meia», estima a funcionária, explicando que o preço não tem dissuadido os apostadores.
A explicação para a procura elevada dos boletins é simples: «A raspadinha é um jogo com características únicas porque as pessoas sabem logo se ganharam ou não», refere Amélia, que já verificou uma mudança na atitude de quem joga. «Os apostadores gastam menos dinheiro, mas há mais pessoas a apostar», explica.
147 milhões de raspadinhas vendidas em 2011
Segundo os dados da Santa Casa da Misericórdia avançados ao SOL, a ‘corrida às raspadinhas’ começou a verificar-se nos últimos dois anos.
Em 2010, por exemplo, foram vendidos 88 milhões de boletins, mais 76% do que em 2009. E, em 2011, foram comprados 147 milhões de bilhetes – um aumento de 67%.
Para a Santa Casa da Misericórdia, o sucesso deste tipo de apostas, deve-se à diversidade dos jogos. «Há uma variedade de temas que vão ao encontro dos vários gostos dos apostadores, e com modos de jogar diferentes e apelativos», argumenta fonte oficial do organismo, sublinhando também a importância de existirem boletins de diferentes valores: «A multiplicidade de preços representa para muitos apostadores valores bastante acessíveis».
Joaquim Cardoso, reformado de 72 anos, é um habitué das raspadinhas. Todas as semanas, gasta, pelo menos, cinco euros nestes jogos. «Já cheguei a ganhar 150 euros uma vez», congratula-se, explicando que a raspadinha é também uma forma de se divertir. «Para mim é uma distracção e também é uma forma de juntar uns trocos, que agora fazem fala», conta.
Aliás, a crise, parece mesmo ser um aliado deste tipo de apostas. «Este é o único negócio que ganha com a crise. As pessoas querem tentar tudo», afirma Amélia, a funcionária da loja da Santa Casa do Rossio, que ao contrário da maioria dos estabelecimentos vizinhos tem vindo a ganhar clientela nos últimos meses.

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